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domingo, 27 de outubro de 2013

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Professores: Meus heróis por Conrado Matos

                                                      PROFESSORES: MEUS HERÓIS

                                                                                                                        Conrado Matos

A nossa formação básica, principalmente, a do antigo primário, nos deixa marcas que de vez em quando voltamos ao passado, e percebemos o quanto foi tão bom viver esse momento enriquecedor e de muita gratidão. Recordar é viver o que já foi plantado em nossas vidas e, o quanto devemos aproveitar dessas experiências boas. Um momento de reflexão nos faz lembrar-se de figuras especiais que fizeram parte da nossa educação básica, a forma que nos tratavam e como nos ensinavam a ler e escrever.
Que momentos foram esses, em sala de aula, lendo um texto saboroso. Saboroso mesmo, como o leite da boa mãe de Klein e da mãe-continente de Bion. Além das pequenas estórias de fadas, disco voador, Chapeuzinho Vermelho e Branca de Neve, e  que traziam as cartilhas, as estórias de contos e lendas maravilhosas, que nos deixava, às vezes, tão sentimentais. Éramos tocados em nosso íntimo, pelos textos dessa antiga educação, que ainda usava o ABC como método inicial de alfabetização, além da tabuada, que nos desafiava a aprender a somar, subtrair, multiplicar e dividir. Que épocas, foram essas que meus desafios eram testados a todo tempo. Nunca esqueço e, só tenho que agradecer por ter passado por tudo isso; pela disciplina que meus professores adotavam e pelas tarefas escolares que eles me proporcionaram em sala de aula.
Lembro bem da minha primeira professora, Dona Lindinalva, que marcou na minha vida. Dona Lindinalva tinha um grande amor pelo o ensino, cuidava dos seus alunos como se fossem seus próprios filhos. O ensino de Dona Lindinalva, ultrapassava os limites da aprendizagem, fazia-nos gostar de ler e escrever. Seu método era para que desafiasse os conteúdos, resolver às questões e discutir com ela, nos dando a capacidade de autonomia para tomar decisões, de sermos autoresponsáveis e comprometidos pelo novo. Tinha Dona Lindinalva, um estilo de ensinar, que nos proporcionava prazer com os conteúdos, e nos aproximava cada vez mais dela. Essa professora agia com tanta empatia, que nosso amor por ela era muito diferente. O nosso amor era através do respeito, e não através da imposição de qualquer tipo de autoritarismo. Ela não gostava de criticar e nem de nos censurar com nada, e nos deixava livres para pensarmos e desafiar os nossos próprios potenciais. Escolhíamos um determinado tema, e mergulhávamos na plenitude, conseguíamos aprender assim. Na plenitude do Ser e na profundidade do conhecimento.
A minha primeira escola de educação fundamental I se chamava de Grupo Escolar Almirante Tamandaré, situada na cidade de Nossa Senhora de Lourdes, no sertão de Sergipe, onde vivi até os meus dez anos de idade. Aprendi cedo a ler e escrever, e sempre que podia, costumava ler cartas que eram enviadas pelos parentes dos meus avós paternos. Lembro-me que, meus avós gostavam que eu lesse e escrevesse cartas, como forma de melhorar a minha leitura e minha escrita. Eu já vivia cedo com diversos personagens que, através das cartas me levaram a escrever contos e poesias durante a minha juventude. Eu era apaixonado pelos romances de José de Alencar, pelas poesias de Castro Alves, Olavo Bilac, Oswald de Andrade, Mário de Andrade, Carlos Drummond de Andrade, e gostava de ouvir as canções de Caetano Veloso, João Gilberto, Gilberto Gil, Elomar, Chico Buarque, Xangai, Vital Farias, Geraldo Azevedo e Luiz Gonzaga. Toda essa grandeza artística que vivi logo cedo, com certeza foi da influência educacional e familiar que herdei do meu passado. Além dos textos prazerosos da minha professora Lindinalva, e, é claro, da influência dos meus avós que me estimularam bastante a ler e escrever, assim como, também, a gostar de ouvir Luiz Gonzaga, que era tocado no rádio ABC de lá de casa. A minha avó era uma dessas professoras autodidatas, que dava reforço escolar no interior, e dava aulas a adultos que trabalhavam nas roças. Professor nem sempre é aquele que é licenciado, mas é também aquele que tem a arte de ensinar: é aquele que traz o espírito pronto para o ensino.
O aluno de hoje, não gosta nem de ler e nem de escrever. E, ainda, envolvido com o moderno vocabulário da internet, vai se atropelando muito mais nos erros de ortografia, concordância verbal e acentuação. Lembro-me que minha avó tinha um aluno que se chamava Chico do Rolo, que vendia rolo de fumo-de-corda na feira da cidade. Chico era um aluno danado de ruim pra aprender a ler e escrever. Quando a minha avó soletrava a palavra “gato”, Chico confundia com “rato”. E quando a minha avó soletrava para ele a palavra “rato”, Chico confundia com “gato”. Chico tinha dificuldade de memorizar e aprender ler e escrever. Fiquei sabendo que Chico do Rolo tinha se candidatado a vereador de uma cidade do interior de Sergipe, não lembro qual, e foi o vereador mais votado da cidade. E fiquei sabendo muito bem que, Chico já estava bem familiarizado com a palavra “gato”, e que já não se confundia com “gatuno”, e de gatunagem ele já entendia muito bem. 
Que saudade desses velhos tempos! Eles não voltam mais. Mas, a minha experiência não acaba mais. Estou grato pelo o meu passado.
 

Conrado Matos é Psicanalista, Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Escritor.
E-mail: psicanaliseconrado@hotmail.com – Tels: (71) 8717-3210/9910-6845.

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