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quinta-feira, 18 de julho de 2013

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Boneca porta recados


Esta linda boneca não vai esquecer o seu recado!
Coloque-a num lugarzinho bem vizível de sua preferência!

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A insatisfação no "ter"

Olá amigos!
Leiam mais um artigo compartilhado pelo amigo e psicanalista Conrado Matos, faça sua reflexão e melhore sua qualidade de vida! Boa leitura!


A INSATISFAÇÃO NO “TER”

Por Conrado Matos – Psicanalista e Colunista do Jornal Tribuna da Bahia
Artigo publicado no Jornal Tribuna da Bahia, Segunda-Feira, 10.06.2013.

As grandes cidades têm aumentado bastante o número de veículos. Hoje, qualquer cidadão que tenha uma renda razoável já pode ter o prazer de adquirir um carro popular de uma determinada marca, nem que tenha que se sacrificar tanto, e arrancar os fios dos cabelos da cabeça para pagá-lo durante muito tempo.
O automóvel não é mais um objeto de tanto poder ou status, mas uma necessidade, como no caso de alguns modelos populares e simples. Até mesmo porque, quase boa parte da população mais humilde está podendo adquirir um veículo básico, seja ele, usado, semi-novo ou novo, através de trocas, compras a vista, a prazo, ou consórcio.
Quem tem um carro popular não é mais visto como um cidadão de grande poder aquisitivo nos dias atuais, com exceção dos que podem desfrutar de veículos de luxo e marcas importadas, e que tenha muita bala na agulha para desembolsar altas quantias de dinheiro para comprar um automóvel caro, e possa sustentá-lo. Além do mais, deve também, ter condições de arcar com taxas altíssimas, como: seguro contra roubo, IPVA, taxas de estacionamento, reposição de peças originais, com tudo muito bem atualizado. Inclusive, precisa morar, também, em um condomínio seguro, bonito, confortável e de luxo, estruturado com tudo que tem direito, para dizer por aí a alguém que a taxa do condomínio é cara, e pode pagar, equiparando ao seu poder materialista e de aparência. Essa exigência faz parte da sociedade consumista da nossa era pós-moderna. “Ter” muito para mostrar para o outro ou o vizinho, que seu apartamento é o melhor e seu carro é um dos mais caro do mercado; tudo para competir e mostrar que tem muita bala no canhão.
Antigamente, ser dono de um veículo do tipo popular já era significado de status, poder, vaidade e luxo. Atualmente, poucos podem bancar essa vaidade, andando em carros de última geração, modelos de linha e de luxo, como no caso de alguns ricaços. Outras pessoas, sem pés no chão, que não se igualam ao topo desses mais ricos, são levadas pelas tentações de consumo exagerado, se endividando e vivendo em conflito.
Lembro que, no passado, poucas pessoas podiam adquirir um televisor preto e branco. O restante das pessoas, no máximo, tinha um jumento, um rádio ABC dentro de casa, sintonizado todos os dias na Rádio Nacional e Rádio Sociedade da Bahia, ouvindo músicas de Tonico e Tinoco. É! Como os tempos mudaram.
Numa pequena cidade, de nome Nossa Senhora de Lourdes, sertão de Sergipe, onde vivi até os meus dez anos de idade, só quem tinha um televisor preto e branco, era o prefeito da cidade e um número pequeno de alguns fazendeiros. Eu, por exemplo, nessa época não tive um televisor preto e branco em meu lar, em virtude da precária vida financeira da minha família, que era muito pobre, e morava numa casa de barro batido, porém, tive a sorte e a oportunidade, por ser eu parente do prefeito, de assistir gratuitamente na sua residência, diversos filmes e programas, num televisor preto e branco, da marca Colorado, onde muitos meninos daquela época não tiveram essa oportunidade. Vi o Brasil jogar na copa de 70 e 74. Vi o furacão Jairzinho, o atacante Rivelino, Paulo César e Clodoaldo, jogarem com tanta motivação, muita garra e amor pelo futebol, como da mesma forma se repetiu na década de 80, na era Zico, no Flamengo, e na Seleção Brasileira do técnico Telê Santana, com seu “futebol arte”.
Acho que o avanço tecnológico nos trouxe muita facilidade de termos certas coisas do ponto de vista material que, hoje, não são mais tão vistas como algo que nos ofereceu status por alguns tempos atrás, mas sim, melhores acomodações no momento.
Já passaram épocas em que determinados objetos tinham muito valor material, a ponto de nos envernizar tanto. Ninguém jamais imaginaria que um dia fosse tão fácil obter um automóvel ou um televisor colorido de tela plana, trocar os móveis todo ano e viajar para o exterior, pagando pacotes especiais e promocionais de viagens, com direito a hospedagem, divididos em várias parcelas.
Repito, acho que a tecnologia nos abriu várias portas quanto às aquisições materiais, onde muitas pessoas ansiosas aproveitam para comprar com tanto exagero, e que podem se prejudicar, comprando demais até para suprir suas carências afetivas, aumentando a mania do consumo desordenado na busca do mais e mais. 
 Essa busca do ‘Ter”, ao invés do “Ser”, tem influenciado muitas pessoas ao desequilíbrio; ao descontrole emocional, causando uma crise de valores humanos, afetivos, e um grave transtorno da autoestima.

Conrado Matos é Psicanalista, com Consultório em Salvador.
Tels: (071) 9910-6845/8717-3210 – email: psicanaliseconrado@hotmail.com