NA BUSCA DO AUTOTRIUNFO
Por Conrado Matos –
Psicanalista
Artigo publicado no
Jornal A Tarde/Coluna de Religião.
O bem é uma atitude
humana em prol do harmonioso trabalho coletivo do homem, em busca da
felicidade. É o bem, o dom da gentileza e da paciência que todos nós precisamos
ter, nos momentos difíceis e turbulentos da nossa vida. O bem, limpa a mente,
cuida, zela e conserva. O bem transforma a alma, areando os nossos pensamentos
foscos ou embaciados, tornando-os faróis luminosos em busca da paz e do autoconhecimento.
O bem é tolerante e apaziguador, enquanto o mal é rigoroso e severo.
A consciência do mal é
autoritária; a consciência do bem é libertadora.
O bem multiplica às
vitórias saudáveis do homem abençoado, enquanto o mal transforma às vitórias em
vaidade, arrogância e guerra. O bem é um transformador de empatia, companheiro
e consolador verdadeiro; diferente do egoísmo que consola na gratidão da
malícia. O bem não é egoísta, é solidário e compreensivo.
É com o bem que
encontramos amigos sinceros e companheiros leais, embora, alguns já atolados no
pessimismo da amargura e do ódio, descrentes, continuam na possibilidade da
existência do bem, que é fraterno e amoroso.
Jesus pregou o Bem para
todos nós, levantou almas caídas, angustiadas e sem chance de vida, e com todo
Amor de Deus, o Mestre penetrou no coração do homem irado e perseguidor. Paulo
foi um deles, que ora resgata o bem.
O bem é maravilhoso; é a
esperança do homem bem intencionado, e também o socorro do homem perverso, em
busca de regeneração e retificação. O bem é a união familiar e universal. O bem
é luz geradora de amor; é o passe que elimina a dor, a obsessão, a insegurança
e o medo. O bem aproxima o Espírito que orienta, guia e ilumina.
O bem, aceita o choro do
derrotado, a ira do rejeitado, e como amortecedor da paz, o bem devolve o amor
ao angustiado. O bem é eterno e imortal. O bem é a flor que nasce do Amor, que,
bem regada, espalha perfume em todo jardim da eternidade e da bondade.
Às vezes falamos muito
dos outros, das suas virtudes, dos seus defeitos e das suas causas.
Olhando mais para dentro
de nós, fazemos a comunicação interior, e pelo mergulho profundo da nossa
subjetividade, retificamos a nossa postura, os paradigmas sombrosos e
tradicionais, que nos cegam diante da realidade.
Falar é fácil, mudar é
difícil.
Como disse Freud:
“Governar, psicanalisar e educar, são tarefas difíceis”, (Conferências
Introdutórias Sobre Psicanálise, 1916-1917-Imago), mas com a arte do amor, da
receptividade positiva, do bom relacionamento e da paciência, nada pode impedir
o resgate de uma base edificante.
Quando aprendemos com o
erro, lidamos melhor com o outro, e ouvimos com coerência, apoiando ou não
apoiando, porém, flexíveis com nossas opiniões para não tornarmos arrogantes.
É difícil para alguns
utilizar a arte da escuta e da empatia, principalmente quando se trata de um
assunto novo, ou quando se trata de uma mensagem nova de alguém; ou uma nova
atitude, separação e mudanças.
A humanidade, entre
aspas, em algumas pessoas, existe a síndrome de não saber ouvir, ou não aceitar
o discurso novo do outro. Essas pessoas, por qualquer tipo de fobia,
insegurança ou falta de autoestima elevada, em virtude da sua ancestralidade
influente, se tornam resistente diante da chegada do novo assunto, conteúdo, desafio,
ou um fato.
É ridículo sabermos que
alguém tão importante venha viver tão aterrorizado e magoado, sofrendo de uma
neofobia ou inveja, mesmo, talvez, com seu espaço já garantido. Será que é um
mal de todos nós? Ou de alguns? O fato é que não devemos desistir dos desafios
perante as críticas.
É comum nas pessoas com
baixa autoestima, o sintoma da neofobia e da inveja, viver desfazendo dos
outros, falando o que não deve, com exageradas idéias bizarras em relação ao
pensamento de alguém, no sentido de querer menosprezar, rebaixar, ou dificultar
o espaço de outrem, como forma de querer deter tudo para si, como condições de
querer aparecer mais, sentindo-se o dono do saber.
Quanto mais essas
pessoas são inseguras, mais autoritárias elas são.
Os autoritários são
inocentes, porque foram educados para sofrer, ou agredir os outros. São
inflexíveis, e não sabem agir com sabedoria interior.
São os autoritários,
pessoas rígidas, e vivem na defensiva, por causa do pânico ou do medo de perder
seu próprio espaço, o poder, a vaidade e o orgulho.
Notadas vezes, somos
afetados por companheiros que compartilhamos ideias e teorias – coisas da vida
terrena, embora, ainda exista alguém que queira ser detentor de tudo, um líder
autoritário e sem moderação.
Assim, segues sozinho,
e, em ti, faças a tua própria morada. Por enquanto!... Esperas pelo Bem!
Conrado
Matos, Psicanalista, Licenciado em Filosofia, Bacharel em Teologia e Escritor.