Por Conrado Matos –
Psicanalista
Artigo publicado no Jornal A
Tarde/Coluna de Religião.
A autoestima é um valor que
alimenta a alma humana, cuidando da personalidade, das atitudes e do amor
próprio de cada indivíduo. É com o amor próprio que o indivíduo acredita em
seus potenciais internos, como: autoconfiança, autodeterminação, autoafirmação
e autocriatividade, que são essas atitudes os principais pilares da autoestima.
É com a autoestima e amor
próprio que o indivíduo se sente reconhecido e realizado, desbloqueado;
perdendo o medo e a timidez. Não costuma se esquivar diante do desconhecido. Está
sempre preparado para enfrentar novos desafios.
A autoestima pode ser alta
ou baixa, vai depender do estado emocional de cada pessoa. Se a autoestima é
baixa, geralmente os pensamentos são negativos. Se a autoestima é elevada,
geralmente os pensamentos são positivos. A autoconfiança anda junto com a
autoestima, nutrindo o indivíduo de estímulos saudáveis e motivação.
Pessoas que demonstram
posturas físicas numa posição curvada, ou cabisbaixa podem estar sinalizando
que têm uma autoestima baixa, no caso de alguns retraídos demais. Normalmente,
avalia-se melhor a autoestima de uma pessoa através das suas atitudes,
intrapessoais e interpessoais. Porque nem sempre numa pessoa, por exemplo,
calada ou retraída, devaestar sofrendo de uma autoestima baixa. Cada caso é um
caso. Pois existem pessoas que são extremamente extrovertidas, e que sofrem de
autoestima baixa. Quantas vezes já ouvimos falar que um fulano bem conhecido do
nosso meio social, que era tão alegre e bem humorado, e de uma hora para outra
deu fim a sua própria vida através de um suicídio. É de se estranhar! Não é?
As pessoas que vivem
isoladas em decorrência de um estado depressivo, cujo sintoma psíquico,
estrutural,(Psicótico), ou não estrutural, (neurótico), são vítimas de
autoestima baixa, porque vivem em pânico, inseguras, vazias e socialmente
afastadas das pessoas, das atividades profissionais e dos encontros sociais.
Precisam resgatar a autoestima, e ir de encontro ao seu eu interior, resolvendo
conflitos pessoais e interpessoais.
São essas pessoas de alma
doente, quando não bem tratadas com os psicofarmacológicos, ou com terapias
eficazes,bem difíceis de desenvolverem-se,intrapessoalmente e
interpessoalmente.
Existem pessoas que procuram
se isolar por conta própria durante algum tempo, e que não estão sofrendo de
autoestima baixa. Precisaram se recolher durante um período para buscarem por
reflexão, meditação e iluminação. Ou, no caso de alguns escritores, artistas
plásticos, e poetas, que buscam por um lugar tranquilo para se concentrarem na execução
de suas obras. Sendo assim, houve nessas duas situações motivos para se
afastarem. Portanto, nem sempre são pessoas portadoras de autoestima baixa. Os
indivíduos que vivem inspirados em suas criações precisam estar bem
concentrados. Cada caso é um caso, vai depender do equilíbrio emocional de cada
um.
Como já falei, existem
pessoas alegres, que são portadoras de autoestima baixa, vivendo como
extrovertidos disfarçados, consolados de muita aparência e de poder. Assim como
existem pessoas alegres, extrovertidas conscientes que vivem felizes,
desfrutando de uma autoestima elevada. O fundamental é o equilíbrio emocional
das duas atitudes da autoestima: a atitude extrovertida, e a atitude
introvertida, e que essas duas atitudes estejam conscientes. Têm pessoas de
extroversão falsa. Vivem alegres em dado momento da vida, e a qualquer momento
inesperado explodem de fúria e raiva, e ficam agressivas.
O valor da autoestima não
estar ligado diretamente às aquisições materiais, porém, em contrapartida, as
coisas materiais adquiridas por lucros justos e muito trabalho, são conquistas
que estimulam positivamente a autoestima de qualquer indivíduo. Embora o “Ser”
deve estar sempre acima do “Ter”. Entendo assim que, o valor da nossa
autoestima vai depender muito da nossa relação com o mundo subjetivo e mundo
objetivo. Como vivemos dentro e fora de nós. Tudo vai depender do nosso
equilíbrio emocional, e como tratamos nosso mundo intrapsíquico e
extrapsíquico, ou seja, como nos tratamos espiritualmente.
Conrado Matos é
Psicanalista, Licenciado em Filosofia e Bacharel em Teologia. Ex-diretor
executivo do Cepa Círculo de Estudo, Pensamento e Ação.